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Gabriel Horsth

coord. de comunicação

O 6º Encontro Latino-americano de Teatro do Oprimido acontece em outubro no México

O 6º ELTO une cultura, transformação social e resistência através do protagonismo de mulheres do Sul Global

Data

De 28 de outubro a 06 de novembro, acontece o 6º Encontro Latino-americano de Teatro do Oprimido, na cidade de Atlixco, estado de Puebla no México, organizado pela Coletiva-Laboratório Magdalenas Puebla, ligada à Rede Ma(g)dalena Internacional de Teatro das Oprimidas. O país, como muitos outros latino-americanos, enfrenta desafios profundos relacionados à violência estrutural, afetando principalmente os povos indígenas, pessoas com deficiência, idosos, membros da comunidade LGBTIQA+, mulheres e crianças. Nesse contexto, o Teatro do Oprimido (TO) e o Teatro das Oprimidas (TA) se apresentam como ferramentas para tematizar, debater e transformar essas questões sociais. 

O México, particularmente, tem visto um aumento na participação de mulheres na prática do TO, destacando questões como violência, classismo, racismo, capacitismo e lesbotransfobia em suas peças teatrais. Não à toa, o universo do TO sempre teve uma participação forte de mulheres, e após a sistematização do Teatro das Oprimidas, vemos cada vez mais elas assumindo os espaços de poder no processo de multiplicação metodológica. Figuras como Bárbara Santos têm influenciado de forma significativa a transformação do cenário machista e sexista que circunscreve os espaços de poder do teatro e da arte comunitária.

Encontro Latinoamericano de Teatro do Oprimido (ELTO):

O ELTO é um evento que se propõe a aprofundar e questionar as práticas do TO e TA no contexto da América Latina. O encontro reúne praticantes de todo o mundo e já passou por Argentina (Jujuy, 2010), Guatemala (Quetzaltenango, 2012), Bolivia (La Paz, 2014), Nicarágua (Matagalpa, 2016) e Uruguai (Montevideo, 2018). A edição de 2023 México, em Puebla, busca fortalecer as redes de trabalho no país. A programação não se limita a apresentações teatrais; também inclui espaços para feedback e compartilhamento de experiências. O evento visa não apenas à exposição, mas também à reflexão e à interação sobre as pesquisas e práticas que envolvem o TO e o TA a nível mundial, com um recorte importante do Sul Global. 

O 6º ELTO coincide com a celebração mexicana do Dia dos Mortos, permitindo que os participantes vivenciem uma das tradições ancestrais do país. Além disso, a comunidade tem a oportunidade de aprender sobre a arte e a cultura dos 19 países participantes, enriquecendo ainda mais a experiência.

Programação:

A programação completa você confere em breve nas redes sociais. Mas a organização já confirmou as seguintes obras: Recordações (Eduardo Augusto Vieira), Veja-nos florescer (Jenny, METOCA, América Central), Floco de neve (Susana Morán, México), Ruídos do silêncio (Madalenas Berlin, Alemanha), Linha e ponto (Coteatro, Puebla, México), Alebrijes (Ivet, México), Quando os vaga-lumes dormem (Ivet, México), Fale mais alto (Felpudas, México), Memórias de irmã (CTO Heredia, Costa Rica), Suspeito (Cor do Brasil, CTO Brasil), 180 neles! (OCA, Brasil)

Dos workshops: Produção Berlim México (Kuringa Berlim, Alemanha), Masculinidades (Stef, METOCA, América Central), Dramaturgia (Lucero Troncoso) De que serve a revolução se não podemos dançar (Fer e Alex, Ma(g)dalenas CDMX), Boal e Freire (César e Eliana, Brasil), Teatro Fórum (Beatriz Luna, Teatro Sem Paredes, México), Masculinidades (Nestor Urquilla, El Salvador), Masculinidades (Fabian de la Parra), Vizinhos da comunidade (Maximiliano Glorioso), Desjerarquizar (Ana Castela), Mais alto (CTO Heredia, Costa Rica), Teatro Penitenciário (Paola Barona, México), Em Processo (Arantza, México), Dramaturgia do Teatro Fórum (Bárbara Smenia, Brasil), Laboratório de pedagogia de gênero (Vianey Hernández), Corpo como arquivo (Juan Manuel Blanco), Torquemada (Ana Castillo, Ramas y Raíces, México), Teatro Fórum de Palhaços ou Teatro Foro Clown (Respiral, Costa Rica), Alfabetização (Licko e Luana, GESTO, Brasil), Teatro Jornal (Alessandro, CTO, Brasil), LAB LGBTQIAPN+ de Teatro das Oprimidas (Gabriel e Maiara, CTO, Brasil), Jogos e Voz (Violeta Rodríguez, México).

Das rodas de conversa: Mulheres com deficiência falam (Lore Roffe, METOCA), Conversa de três horas (Rede Ma(g)dalena Internacional), Som e ritmo (Kuringa, Alemanha), Livro Teatro do Oprimido (Bárbara Santos, Brasil/Alemanha), Ações concretas e continuadas – OCA Viradouro (Eloanah Gentil, Brasil)

Apoio, parcerias e voluntariado: 

O evento conta com o apoio do município de Atlixco, Puebla, que forneceu licenças de utilização de espaços públicos e centros culturais. O sistema de Desenvolvimento Integral da Família (DIF Atlixco) também está envolvido, oferecendo transporte, acomodação e intérpretes de Língua de Sinais Mexicana. O ELTO faz parte do Programa de Estímulo ao Desenvolvimento Artístico (PECDA), um apoio financeiro simbólico concedido pelo governo estadual e federal.

Caso deseja apoiar como voluntário acesse as redes sociais do ELTO México (@eltomexico), se inscreva e participe dos encontros informativos. Se deseja apoiar financeiramente, entre em contato pelo email: eltomexico@gmail.com

Inclusão e diversidade: 

O TO e o TA no México enfrentam o desafio de disseminar as metodologias de forma mais ampla. A comunidade local tem se mostrado receptiva, incluindo instituições municipais e fóruns independentes. O ELTO busca incluir pessoas com deficiência, abordando novas masculinidades, diversidade sexual, migração, entre outros temas centrais.

Objetivos e significado: 

O 6º encontro tem como objetivo fundamental restabelecer os vínculos interrompidos devido à pandemia da COVID-19 e promover o diálogo entre redes latino-americanas e internacionais, como a RELATO. Além disso, pretende multiplicar o TO e o TA e inspirar a realização de outros laboratórios, colóquios e publicações relacionados ao enfrentamento as opressões.

A participação das mulheres – Laboratório Magdalenas Puebla: 

Cerca de 80% das participantes do ELTO são mulheres, tornando a discussão sobre opressão de gênero um tópico central. Em Puebla, o Laboratório Magdalenas Puebla é o único grupo que pratica o TO e o TA de forma constante e sistematizada. Todas as atividades como oficinas, sessão de Teatro Fórum, Teatro Jornal, performances e palestras são feitas em comunidades, escolas, espaços públicos, etc. O desejo das Magdalenas Puebla é que após o ELTO haja mais pessoas difundindo as metodologias. A comunidade local é muito aberta, tanto as instituições municipais, como os fóruns independentes e algumas comunidades têm-se mostrado muito participativas e interessadas ​​nas atividades da ELTO, as organizadoras pontuam que uma das expectativas mais significativas é o fortalecimento da própria rede no país.

Acesso para pessoas com deficiência: 

O ELTO se esforça para tornar o evento acessível a todas as pessoas. Há prioridade na acomodação e consideração de espaços para pessoas com deficiência. O objetivo é expandir o alcance da metodologia à PCDs no México e torná-la uma referência global.

Multiplicação e impacto social: 

O ELTO busca inspirar a multiplicação do TO no México, incentivando diferentes pessoas a praticá-lo e a formar novas alianças. Através de metodologias comunitárias, o evento visa promover soluções para diversas formas de opressão usando o teatro.

O Encontro Latinoamericano de Teatro do Oprimido no México é uma iniciativa significativa que visa utilizar o Teatro do Oprimido e o Teatro das Oprimidas como ferramentas de transformação social e inclusão. Ao abordar questões como violência, opressão de gênero, diversidade e território, o evento desempenha um papel fundamental na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Além disso, ao promover a multiplicação do TO e fortalecer redes de trabalho, o ELTO deixa um legado duradouro na comunidade teatral mexicana.

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